Enquanto amar...
Não consigo deixar de te amar.
Vou tentando procurar outras coisas, algo que me faça esquecer-te e deixar-te partir. Mas tu não sais do meu coração, não me abandonas a mente.
Passam horas, dias, semanas. Dói tanto não te sentir junto a mim, não ter uma palavra tua. Uma palavra querida.
Choro sempre que reclino a cabeça na almofada, no silêncio do meu quarto, no abandono do mundo. Não sei, não consigo compreender, é mais forte do que eu.
Vou deixando migalhas de mim, vou-me desintegrando, deixando de existir. Já não habito o meu corpo, a minha alma esvoaça por entre a penumbra da noite. Sou a mágoa encarnada. É tão difícil não ser amado, tão difícil deixar quem se ama.
A incompreensão tem-me matado. Morro na infinidade dos meus pensamentos.
As paredes brancas, cobertas de recordações e de pessoas que já não estão na minha vida, torna-se cada vez mais esbatida, sem cor. Memórias do passado.
E tudo é passado, nada é presente. Mesmo estas palavras que acabo de escrever já são passado e podem até já não ser aquilo que sinto. Mas são. São pretérito imperfeito na minha vida, prolongam-se pelos tempos, sendo sempre presente. São pela lágrima salgada, pela lágrima que escorre do meu rosto.
Sou fugaz. E nem todos o somos. Alguns vivem na eternidade, outros são só árvores no tempo pelas quais se passam, deixando-as para trás.
Há a estrada sem destino, aquilo que nos leva até ao fim da nossa vida. A minha cai no precipício sem perspetivas de horizontes.
Sinto que falhei, que em algum momento, que cometi erros em demasiada. Talvez seja altivo e orgulhoso de mais para os reconhecer, para saber onde errei.
Amar-te não foi um erro, em nenhuma vez. Amar-te foi belo, foi vida, foi força! Amar-te foi e é.
Amar-te será sempre.